To voltando!


Peito Aberto : Cap. 1


Cap. 1

“Por mais que tentemos esquecer ou destruir algo do passado, ele sempre arranja um jeito de incomodar nosso presente.” Aprendi isso em ma aula de física aos meus 15 anos, quando estudávamos as leis de Newton. Me veio isso à mente enquanto eu saboreava um refresco de beterraba com maracujá, suco um tanto exótico para muitos e de gosto, digamos “refinado”, sentado em minha poltrona, em meu buraco, ou porão se preferir. Aquela coloração avermelhada do suco me fez lembra do assassinato que havia ocorrido há dois dias. Nesse momento meu telefone toca, levantei de minha poltrona enquanto previa de quem seria ligação, dúvida que durou pouco tempo, pois o nome de Catarina piscava no visor de meu celular como lâmpadas de arvore de natal. Eu odiava e ainda odeio meu celular, ainda não me desfiz dele porque foi um presente. Eu mais uma vez tinha esquecido que ela folgava aos sábados, e que gostava de minha presença. Olhei para meu celular, e aquele misto de ódio pelo meu celular, e comigo mesmo pela minha memória “impecável”. Respirei fundo e pensei o que iria dizer a ela. Já havia matado metade de minha família, e já cuidei da doença da outra metade tantas vezes, que essas desculpas nem servem mais. Apertei o botão do meu celular, que era amarelo ao em vez de verde, um dos motivos para que eu o odiasse.

— Alô?

— Jota? – Ela me chama de Jota por ser a primeira letra do meu nome.

Prazer, meu nome é Jhonantan, sei que é estranho, só consegui escrever meu nome aos 5 anos e pronunciá-lo aos 6, mas só o odiei mesmo no colegial, onde ficavam enchendo o meu saco porque eu não conseguia falar meu próprio nome. Catarina resolveu isso pra mim na escola mesmo, me chamando de Jota. Acho que hoje ninguém me conhece como Jhonantan, e sim Jota. E eu gosto disso.

— Oi! – fingi surpresa – Desculpe, eu estava a analisar provas. Estava pensando em... –interveio Kate, apelido mixuruca que encontrei para ela. Quis chamá-la de uma forma mais íntima e começamos a nos chamar assim, eu sou o Jota dela, e ela, minha Kate, patético eu sei, mas eu gosto.

— Você estava pensado em quinta, né?

— Sim – falei meio desanimado.

— Algum progresso?

— Nada... – escutei ela suspirar no celular. O barulho do vento no microfone do celular é incomodo e eu não gosto disso.

— Você ainda vem, Jota?

Nesse momento respirei fundo, e, coçando a cabeça, pensava em alguma desculpa, em quem matar de minha família, e ela ouvindo meu silencio repetiu a pergunta:

— Você vem ou não?

— Eu... – espaço de tempo em silencio, ainda pensando em dizer algo – vou – mais outro espaço de tempo, ainda dá pra negar. E ela impaciente do outro lado.

— Dá pra dizer de uma vez, você sabe que meus créditos estão sendo gastos, e essas operadoras são um roubo

Respirei fundo, cobrindo o microfone de meu celular, e respondi no impulso.

— Eu vou sim. Me deixa ficar pelo menos apresentável, pentear o cabelo, pôr uma blusa.

— Você já tomou banho, Jota?

— Claro  – respondi, mesmo sendo mentira. Um banho rápido enquanto escovo os dentes seria interessante pra se fazer. Ela falou em um tom alegre:

— Caramba, você finalmente vai sair. Estou muito feliz que vai ser comigo – ela ficou calada por um intervalo gigantesco de um segundo, gigantesco por que ela fala muito, se tivesse duas bocas, iria parecer uma multidão – Você é estranho, Jota.

— Por quê? – pergunta imbecil. Todos me acham assim, desde quando eu me conheço como gente. E os motivos eram infinitos. E eu gosto de ser estranho.

— Nesse frio e você sem camisa?

Eu a imaginar que ela falaria algo interessante e ela vem com essa de meu nudismo?!

— Kate – tentei não ser grosso -, se agente continuar conversando, eu vou me atrasar mais.

— Ok, ok. Então ate mais, amigo!

Ela desligou o telefone antes mesmo que eu me despedisse. Odeio quando fazem isso comigo, odeio falar ao telefone. Falar ao telefone, para uma pessoa com meu olhar, é ver um louco falando sozinho enquanto segura uma barra de chocolate no ouvido. Joguei meu celular no chão, e ele se abriu em todas as partes que pudesse abrir. O desgraçado tinha um sistema contra quedas, que o fazia ser mais resistente. Odeio meu celular.

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Atrevesse a familia




Um maravilhoso teste de Q.I.



Eu sempre me quebro para poder passar.

Serie: Camera lenta.


Com vocês, uma bala.


Entenderam por que o furo da bala é pequeno de um lado, e uma CRATERA LUNAR do outro?

 





© 2012 Todos os direitos reservados - Editado Por Fabio G. Santos - Cartunando